MPB, um novo caminho para a democratização da música

 Publicada  na revista MídiaComDemocracia (versão editada)      

Um mundo acabou. Viva o mundo novo!, sentencia o primeiro Fórum de Música para Baixar (MPB), evento que “nasceu” oficialmente, durante a 10ª edição do Fórum Internacional de Software Livre, realizado em Porto Alegre, no mês de junho. O movimento tem como objetivo ser o palco de debates sobre a flexibilização das leis, a cadeia produtiva, para que estas assegurem os direitos de autor, assim como a difusão livre e democrática da música.

 “Reciclar a palavra, o telhado e o porão, reinventar tantas outras notas musicais”, a composição musical da Trupe Teatro Mágico (TM), vem bem ao encontro da proposta do Movimento Música para baixar (MPB), que pretende dar uma nova forma de ver e trabalhar a música brasileira a partir do uso da internet. “Estamos propondo uma nova cara para a MPB, um novo momento. Não é mais a música popular brasileira, que de alguma maneira se elitizou, deixando de ser popular. O que é popular é o que vem do povo, é o que tem essa característica. Nós estamos reafirmando a sigla MPB, mas agora como música para baixar. Ou seja, música acessível, livre. É isso que estamos buscando”, aponta Fernando Anitelli, vocalista e “mentor”, do TM.

 

"Eu acredito que as novas relações musicais serão justamente essas, com as novas tecnologias, com a internet, articulando redes, distribuindo a musica de maneira gratuita", aponta Fernando

"Eu acredito que as novas relações musicais serão justamente essas, com as novas tecnologias, com a internet, articulando redes, distribuindo a musica de maneira gratuita", aponta Fernando

Na contramão do modelo de um mercado engessado, concentrado nas gravadoras e nos jabás dos grandes meios de comunicação, agregando novas possibilidades de integração entre artista e usuário, surgiu o Fórum de MPB. A ideia partiu da própria Trupe, ou melhor, do produtor executivo da mesma, Gustavo Anitelli. “Sentíamos a necessidade de ter uma organização, de juntar pessoas. Foi esse sentimento que nos trouxe a uma articulação inicial com o pessoal do software livre”, aponta Gustavo. “O software livre dialoga muito com a questão de liberação da música, de tornar o material acessível, justamente por essa relação livre e aberta que eles têm de trabalhar as relações, as redes”, complementa Fernando.

 Para Everton Rodrigues, ativista do movimento Software Livre e um dos organizadores do Fórum de MPB, o MPB vem em um momento em que profundas mudanças acontecem nas comunicações e as quais têm impacto significativo nas relações humanas, políticas, econômicas e na música. “Ele já nasce como um importante espaço para a reflexão e ação sobre o que nós queremos para a música” expõe Rodrigues.

 Pelo viés da Democratização

 Já virou lugar comum falar das novas possibilidades que a internet trouxe, mas fato é que ela acabou se tornando um dos meios mais democráticos a comunicação, ao conhecimento e entretenimento. Nesse cenário de livre circulação, produção e recepção, onde o fã não é mais somente um fã, e sim um divulgador da obra, há debates que precisam ser feitos, como a questão da criminalização da rede, outro ponto que suscitou o movimento assim como a releitura do direito autoral. Segundo os integrantes e representantes do movimento esse processo passa pela democratização da comunicação. De acordo com o recente manifesto do MPB, é a partir do surgimento da democratização da comunicação pela rede cibernética, que a conjuntura na música muda completamente.

 “A comunicação é o ponto central no debate da música. O controle da comunicação é o principal problema que temos no Brasil. Diante disso, o papel da música é conscientizar a sociedade civil em geral dos elementos que cercam o domínio da comunicação. Nós temos um papel, enquanto movimento de publicização do debate”, afirma Gustavo.

 Segundo Rodrigues, a primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) será extremante importante para elaborarmos propostas que possam garantir os meios de comunicações mais interativos e democráticos. “Precisamos propor maior diversidade na mídia brasileira, garantir o envolvimento econômico, cultural, social e político de mais pessoas”, afirma. Também Fernando defende que o músico deve trazer seu público para esse debate. “Essa briga também é nossa”, complementa.

 O Ministério da Cultura, explica Everton, vem apoiando o MPB “por meio do diálogo e incentivo às ações dos participantes, com vistas ao aprofundamento do tema”. Na visão do Ministério, conforme relata o ativista, “a lei do direito autoral não contempla a nova realidade imposta pela evolução tecnológica e favorece o desequilíbrio na relação entre autores e a indústria cultural”.

 Um novo mundo

 “Com a cultura digital, a música está em tudo quanto é lugar, feito água. Ela aparece e vai vazar, não tem jeito, ela vaza e não há controle possível. E o caminho que se tem hoje em dia que se tem de controlar, primeiro é inócuo e depois vai colocar todo mundo na marginalidade”, opina o compositor e músico carioca Leoni.

"“Com a cultura digital, a música está em tudo quanto é lugar, feito água. Ela aparece e vai vazar, não tem jeito, ela vaza e não há controle possível", afirma Leoni

 Para Leoni a internet é o lugar mais democrático que existe, a troca de informação que acontece ali é muito mais benéfica para sociedade do que qualquer tipo de controle que se possa exercer ali. “Se a pessoa quer proteger, é um direito dela, mas se eu quero liberar, eu não posso ser considerado ilegal, se as pessoas querem baixar, elas também não podem ser consideradas ilegais”, argumenta.

 O movimento defende e levanta a bandeira da flexibilização do direito autoral, para que o mesmo se adapte aos novos tempos.  “Nós temos que fazer as leis e as formas de agir se adaptarem a esse novo mundo, e por isso a importância do movimento. Primeiro o de avisar de que o mundo como a gente conhecia antes da internet já não existe mais acabou, é preciso construir juntos um novo mundo, baseado que é real, que é viável, funciona” defende, Leoni.

 Leoni, que vem de uma história com gravadoras, aposta nesse novo modelo proporcionado pela internet. “Hoje em dia, às vezes sai mais caro pagar direito autoral para lançar mil discos do que fabricá-los. Isso acaba sufocando a criação ao invés de protegê-la. Para mim, é mais interessante dar a música, depois eu a vendo, para quem gostar para quem é fã mesmo, e o resto vai baixar de graça, e vai acabar gostando, indo ao show, e vai acabar comprando uma camiseta, ou até um disco no futuro”, aponta.

 Eu acredito que as novas relações musicais serão justamente essas, com as novas tecnologias, com a internet, articulando redes, distribuindo a musica de maneira gratuita, opina Fernando. “Lógico que existem várias questões sobre direito autoral, propriedade intelectual, mas tudo isso a gente vai descobrir junto, ver quais são as extremidades para justamente chegar num meio comum. Acho que a busca é essa”, pondera.

 Para Raphael Moraes, vocalista da banda Nuvens de Curitiba, a chegada da internet, abre uma nova possibilidade para se chegar ao público frente ao monopólio que acontece com as mídias de massa, como o rádio e a televisão. “Estamos no começo de uma nova fase cultural e artística, que representa a variedade, o aumento da qualidade das produções artísticas. Com a internet, através do download, há uma maior  facilidade divulgação do trabalho. E a partir desse primeiro contato proporcionado pela rede, renda através do show, da própria compra do CD em shows”, argumenta.

 Nessa visão de um novo mundo, a cultura da música, se não é um principio fundamental para a vida, se torna uma essência da mesma. “A arte, a música em si não é uma necessidade básica, não é comida, água. Mas ela pode se tornar uma realidade na vida como um todo, no âmbito social, nos relacionamentos, entretenimento, ela vem para preencher a alma, o vazio que a vida moderna proporciona”, conclui Raphael.

  Tanto Leoni, quanto a Trupe Teatro Mágico, e a banda Nuvens, disponibilizam todo o material pela internet.

Para conhecer o Trabalho do TM: http://www.oteatromagico.mus.br

Nuvens: http://www.nuvens.net/

Leoni: http://www.leoni.art.br/

 O movimento MPB reúne artistas, produtores, ativistas da rede e usuários(as) da música em rede. Para saber sobre o movimento música para baixar, assim como o seu manifesto, acesse: http://musicaparabaixar.org.br/

Quelqu’un m’a dit

On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Que de nos chagrins il s’en fait des manteaux.

Pourtant quelqu’un m’a dit que tu m’aimais encore,
C’est quelqu’un qui m’a dit que tu m’aimais encore,
Serais ce possible alors ? (refrain)

On me dit que le destin se moque bien de nous,
Qu’il ne nous donne rien, et qu’il nous promet tout,
Paraît que le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou.

Pourtant quelqu’un m’a dit…

Mais qui est-ce qui m’a dit que toujours tu m’aimais?

Je ne me souviens plus, c’était tard dans la nuit,
J’entends encore la voix, mais je ne vois plus les
traits, “Il vous aime, c’est secret, ne lui dites pas
que je vous l’ai dit.”

Tu vois, quelqu’un m’a dit que tu m’aimais encore,
Me l’a t’on vraiment dit que tu m’aimais encore,
Serait-ce possible alors ?

On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Et que de nos tristesses il s’en fait des manteaux.
Dizem que a nossa vida não vale grande coisa,
Passam num instante como fazem as rosas,
Dizem-me que o tempo que desliza é um canalha ,
Que de nossas tristezas se faz de abrigo.

Portanto qualquer um me disse que tu ainda me ama,
É alguém que me disse que tu ainda me ama,
Será possível então? (Chorus)

Me disseram qu eo destino debocha de nós,
Que não nos dá nada e nos promete tudo,
Então se estende a mão e se fica louco.

Mas alguém me disse …

Mas quem me disse que você sempre me amou?

Não me lembro mas, era tarde da noite
Eu escutei a voz, mas não a vi
Características “, Ele vos ama,  é secreto, não diga a ele que vos disse. ”

Você vê, alguém me disse que você ainda me ama,
Me disse que você me ama de verdade,
Será possível, então?

Dizem-me que a nossa vida não vale grande coisa,
Passam num instante como fazem as rosas,
Dizem-me que o tempo desliza-se é um canalha,
E o que de nossas tristezas se faz de abrigo……………